Rosenilde Silva Melonio, coordenadora diocesana da Pastoral Carcerária em Viana, no Maranhão, é gestora de igualdade racial e participou de um encontro de presidentes de comunidades quilombolas da cidade como facilitadora da Justiça Restaurativa, no dia 16 de abril.

A coordenadora diz que decidiu fazer um círculo de construção de paz com os participantes, tendo homens presidentes das comunidades como maioria, porque eles exercem uma grande luta de resistência pelas políticas de promoção de igualdade racial e ficam na linha de frente tomando conta de suas comunidades, mas ainda precisam lidar com um passado que causa sofrimento.

Segundo ela, alguns dos presidentes conseguiram contar sobre as dores antigas e atuais, mesmo que com vozes trêmulas e cabeças baixas, enquanto outros preferiram passar.

Ela lembra de um relato que ouviu, em que um homem desabafou sobre ter perdido o irmão, assassinado na sua frente, mas, apesar da dor e sofrimento, conseguiu  coisas boas em sua vida, como o fato de ter construído uma família, passado em concursos públicos e nunca ter abaixado a cabeça..

Em outro depoimento, um participante conta ter perdido duas filhas para as drogas e, depois da tragédia, pedia muita força a deus, até que saiu daquele lugar repleto de lembranças ruins e foi ao Maranhão, onde conheceu alguém e pôde construir uma nova família. 

“Foram depoimentos como esse que ouvimos no círculo, homens que conseguiram expressar suas dores e alegrias e o dia acabou em risos, palmas e agradecimentos”. 

Rosenilde diz que tem planos para levar a prática às 14 aldeias indígenas do município de Viana, porque os povos originários, que também enfrentam grandes sofrimentos, precisam do círculo de construção de paz.