A Pastoral Carcerária participou nesta terça-feira (18) da Roda de Diálogo “Fake News, o que vem pela frente?”. A ação conduzida pelo CAIS (Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais) e pela ELO Ligação e Organização tem o objetivo de promover a reflexão sobre a disseminação de notícias falsas e criar estratégias de enfrentamento para os cenários futuros. Estavam presentes a Irmã Petra Silvia Pfaller, coordenadora nacional da PCr Vera Dalzotto, assessora nacional de Justiça Restaurativa, e Maria Ritha Paixão, assessora de comunicação.
A Roda contou com a presença dos convidados/as Magali Cunha, Jornalista e Doutora em Ciências da Comunicação, Sérgio Amadeu, Doutor em Ciência Política e Raíssa Galvão, editora do Mídia Ninja que discorreram sobre as Fake News nas mídias sociais e como ela impactou e ainda pode vir a impactar nos processos eleitorais.
Durante as últimas eleições, as comunidades religiosas foram bombardeadas por uma quantidade avassaladora de notícias infundadas. “Essa base de apoio foi construída não com feitos, mas sim na base de discursos sobre coisas que não existiam” ressalta Magali Cunha.
A desinformação criou uma série de medos e preconceitos, disseminados amplamente, como o ódio à ideologia a de gênero, a cristofobia e a “ditadura gay”, sustentadas pelo moralismo que teve início em 2018 se consolidando no ano de 2020 com as eleições de Jair Bolsonaro. Para combater esta estratégia nas futuras eleições, Magali sugere o enfrentamento a partir dos fatos, dos feitos concretos e de sermos instrumento de checagem.
“As notícias falsas atingem em massa a população pobre, periférica, vulnerabilizada e as comunidades religiosas, sejam ela evangélicas, católicas ou espíritas” ressalta Magali.
Sérgio Amadeu, Doutor em Ciência Política, trouxe ainda a associação da disseminação das notícias falsas com o discurso de ódio. “Nós não podemos permitir que prolifere, a desinformação não desapareceu, o bolsonarismo não desapareceu, a extrema direita não desapareceu” reafirma.
A solução, segundo Sérgio Amadeu, é discutir o que as plataformas não podem fazer e limitá-las por leis, além de levar a situação para a sociedade civil a fim de incluir e criar uma comissão fiscalizadora das plataformas que distribuem informações em massa.
“Outra maneira de lidar com a desinformação é colocar as mensagens com qualidade e discutir os nossos direitos. Divulgar, esclarecer e também trabalhar com o método da repetição. Falar quantas vezes necessário para vários tipos de públicos no intuito de que a mensagem atinja cada um de maneira diferente e de maneira segmentada”, afirma Sérgio.
Raíssa Galvão, editora da Mídia Ninja, complementou a ideia a partir da “construção de cultura”, ou seja, buscar princípios e valores a partir de vozes diversas, vozes vindas diretamente da comunidade.
“Precisamos somar a luta contra a Fake News pensando-nos enquanto indivíduo em rede e agregar isso a comunicação de forma estratégica para as organizações. O campo das organizações de sociedade civil precisa compreender e encarar a comunicação como militância. Pensando nisso, o próximo passo para este webinário é trazer para a roda de diálogo representantes do governo e expandir as ideias no intuito de nos preparar para o que ainda está por vir nas próximas eleições”, conclui Raissa.