Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo escrito pela comunidade de João 13,1-15
Amou-os até o fim.
3 Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4 levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5 Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. 6 Chegou a vez de Simão Pedro.
Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” 7 Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”. 8 Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!”
Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. 9 Simão Pedro disse:
“Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”.10 Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo.
Também vós estais limpos, mas não todos”. 11 Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”.
12 Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? 13 Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14 Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15 Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”.
Nossa tentação maior é àquela de querer “Lavar os pés”. Deixar que outro nos lave os pés é mais difícil, complica a vida, desinstala-nos e como por Pedro isso é uma afronta porque questiona o meu poderio, a minha superioridade, o meu ser mais do que o outro.
Quanto existe este poder de “ser mais do que outro, de se senti superior” em nossas comunidades, em nossas pastorais. A Pastoral parece mais uma tarefa de salvador da pátria, nós vamos salvar, converter, transformar pessoas e embora nossos discursos usem e abusem do conceito de “sinodalidade” nós continuamos caminhando e agindo sozinhos.
Quantas vezes nossos irmãos e irmãs privados de liberdade “lavam-nos os pés” mesmo diante de nossas recusas e vaidades. Todos nós temos um pouco de Pedro em nós, e só prestando ouvidos e abrindo o coração ao “lava-pés” poderemos entender que outro mundo é possível, e a derrubada de grades e muros não é uma simples ilusão, uma utopia louca de alguns.
Oremos. Ó Pai, estamos reunidos para a santa ceia, na qual o vosso Filho único, lavou-nos os pés e ao entregar-se à morte, deu aos seus filhos e filhas, sua Igreja e povo real, profético e sacerdotal um novo e eterno Sacrifício, como banquete do seu amor. Concedei-nos, por mistério tão excelso, chegar à plenitude da caridade e da vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.