Por Dayanne Borges
Do Escrivaninha
Vinculada à Igreja Católica, a Pastoral Carcerária busca promover evangelização dentro das prisões e denunciar violações aos direitos da pessoa privada de liberdade. No próximo dia 28 de agosto, a pastoral completa 50 anos de existência no Brasil. A celebração em homenagem, contudo, ocorrerá hoje, dia 20, na Capela da Faculdade Católica de Fortaleza, no Centro. A missa será presidida pelo arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Tosi Marques.
De acordo com o site oficial da Pastoral Carcerária Nacional, a principal atividade desenvolvida pelos seus integrantes é estar junto às pessoas presas e suas famílias, além de acompanhar e intervir na realidade do cárcere brasileiro de forma cotidiana. “O Brasil tem atualmente a terceira maior população carcerária do mundo, em contínuo e exorbitante aumento desde o início dos anos 1990, revelando a perversa política de encarceramento em massa que está em curso no país, e que tem como alvo os grupos sociais marginalizados e empobrecidos, destacadamente jovens, negros e moradores/as das periferias e das áreas urbanas socialmente mais precarizadas”, destaca a entidade.
Em Fortaleza, a Pastora Carcerária foi criada há 27 anos. Há 15 anos como integrante do movimento, Regina Pereira afirma: “Nossa presença é muito importante por ser muito assídua nos cárceres. Com as visitas, criamos vínculos e colocamos a nossa escuta à disposição deles e delas”. Além de visitar os encarcerados, a voluntária explica que a pastoral promove oficinas e ciclos de paz para os internos. A Pastoral Carcerária de Fortaleza também dispõe de um núcleo jurídico para orientar familiares das pessoas privadas de liberdade. Todos os serviços são gratuitos.
Regina Pereira ressalta a importância do trabalho da pastoral: “Se a sociedade soubesse da importância do nosso trabalho desenvolvido dentro dos presídios, ela ajudaria bastante a gente, porque muitos pensam que a gente está defendendo bandido, mas não é nosso papel. A gente está lá para orientar e ajudar e refletir junto deles os erros cometidos e com isso eles possam se reintegrar dentro da sociedade.”
Sobre as dificuldades identificadas pela Pastoral Carcerária, Regina Pereira aponta a burocracia para conseguir ser credenciado para entrar nos presídios. Além disso, ela também cita o tratamento que os familiares dos internos recebem: “Eles possuem uma dificuldade muito grande em fazer visita aos seus entes. O pessoal do interior não tem uma acolhida, não tem onde ficar, esperam no sol quente, em uma fila, onde passam a noite. É muita dificuldade e muito descaso.”
A pastoral carcerária também impactou a vida pessoal de Regina Pereira. “Hoje eu tenho mais sensibilidade. Aprendi a ver o ser humano com mais dignidade e mais respeito. Aprendi também a ter paciência, porque a gente tem que ter bastante para escutar e conversar e para entender o que eles estão sentindo e querendo passar para gente”, comenta.
Sobre a imagem. Voluntários celebram missa na Penitenciária Industrial Regional de Sobral (PIRS) no último domingo (14/08). Divulgação.