Ficaríamos omissos se disséssemos “Feliz Natal” sem incomodá-los e incomodá-las. Nosso papel é o de incomodar, superando formalismos, saudações inócuas, inofensivas, impostas por hábitos da rotina do calendário, que ano após ano vai se repetindo, sem que nada mude o aconteça.
Como silenciar neste Natal o grito profético e provocador por “Um mundo sem cárceres”?
Como silenciar neste Natal o grito de 850 mil Josés para quem as portas de nossas casas estão fechadas?
Como silenciar neste Natal o grito das 50 mil Marias privadas do calor de suas famílias e seus lares?
Como silenciar neste Natal o choro de tantas crianças privadas do colo e do aconchego de suas mães?
Como silenciar neste Natal o grito das multidões de homens e mulheres na busca de uma moradia digna?
Como silenciar neste Natal os famintos de justiça, de amor, de paz, de fraternidade, de partilha…
E neste Natal, olhemos sobretudo os rostos das crianças! Elas interpelam as nossas consciências perguntando-nos: “Que mundo nos quereis dar?”
Que possam ecoar em nossos corações o Espírito que soprou na periferia de Nazaré, para anunciar o Evangelho aos pobres, para proclamar a libertação das pessoas encarceradas, devolver a vista aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos, e enfim promulgar o ano da graça do Senhor.
Porque Deus colocou sua morada entre nós! Ele é Deus Conosco!
Feliz Natal e abençoado 2022,
Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária