Carta da PJ para a assembleia da Pastoral Carcerária

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Carta da PJ-cortada
Com alegria e esperança a Pastoral Carcerária recebeu uma carta da Pastoral da Juventude, por ocasião de sua Assembleia Nacional que acontece até o domingo, 27, em Brasília, e tem como temas principais a misericórdia, o desencarceramento e a justiça social.
Vale ressaltar a proximidade e o trabalho conjunto que há entre a PJ e a Pastoral Carcerária e que é destacado na carta da Secretária Nacional da (PJ), Aline Ogliari. “Nos últimos anos especialmente, nós da Pastoral da Juventude temos aprendido muito com a Pastoral Carcerária, numa aproximação por identificação da opção evangélica pelos/as mais pobres, e para nós ainda, pela juventude empobrecida. Muitos dos nossos quadros de lideranças tem vivido essa proximidade em vários lugares do Brasil, seja enquanto ainda estão na PJ, seja quando deixam esse espaço e partem para outras frentes de militância. Ainda, assinamos e assumimos com vocês a Agenda Nacional pelo Desencarceramento; ampliamos essa discussão para dentro de nossos espaços de formação; realizamos conferências livres em presídios, com jovens encarceradas/os, no processo da 3ª Conferência Nacional de Juventude, em 2015; e compreendemos o mundo do cárcere como uma Galileia no processo metodológico da nossa Ampliada Nacional”.
Leia a íntegra:

Pastoral da Juventude

Teresina/PI, 25 de novembro de 2016

“Cristo nos libertou para que sejamos verdadeiramente livres” (Gl 5, 1)
Queridas companheiras e queridos companheiros da Pastoral Carcerária, reunidas e reunidos em Assembleia nas terras da capital federal,
Sonhar com a liberdade plena, sem grades, nem algemas, nem muros, sem o poderio econômico que faz cativos e explora mulheres e homens, é sonho profundamente revolucionário. Foi sonho vivido até as últimas consequências por Jesus, que doou sua vida pelo projeto de liberdade.
Falar e anunciar a liberdade é denunciar as forças invisíveis, abstratas, que prendem, manipulam, que tornam escravas as mentes, as forças de trabalho, os corpos; mas é também adentrar em um mundo real, concreto, dos cárceres, onde há violações de direitos humanos e do direito de ser livre. Ao adentrar nesse mundo, a Pastoral Carcerária ecoa, com o testemunho firme e profético, de como ele é abandonado e esquecido dos olhos e ouvidos da sociedade e dos poderes do Estado.
Ao olhar os frios números, vemos que o rosto da população carcerária no Brasil é jovem. Ao adentrar nos presídios, vemos que esses números frios ganham corpos, cores, histórias, sonhos e amarguras. E ganham vidas negadas social e institucionalmente. Esse processo de identificação nos desinstala e nos provoca no seguimento à Jesus, o moreno que viveu na periferia da Galileia.
Nos últimos anos especialmente, nós da Pastoral da Juventude temos aprendido muito com a Pastoral Carcerária, numa aproximação por identificação da opção evangélica pelos/as mais pobres, e para nós ainda, pela juventude empobrecida. Muitos dos nossos quadros de lideranças tem vivido essa proximidade em vários lugares do Brasil, seja enquanto ainda estão na PJ, seja quando deixam esse espaço e partem para outras frentes de militância. Ainda, assinamos e assumimos com vocês a Agenda Nacional pelo Desencarceramento; ampliamos essa discussão para dentro de nossos espaços de formação; realizamos conferências livres em presídios, com jovens encarceradas/os, no processo da 3a Conferência Nacional de Juventude, em 2015; e compreendemos o mundo do cárcere como uma Galiléia no processo metodológico da nossa Ampliada Nacional.
Na nossa pequenez e humildade, queremos seguir aprendendo com vocês, contribuindo também com o que temos para o fortalecimento mútuo das ações pastorais e de um modelo de Igreja, além de construir e fortalecer essa proximidade com a Pastoral Carcerária, ecoando o grito por um mundo sem cárcere, sonho de Deus e que assumimos também como nosso.
Para finalizar, lembramos que faz escuro, mas nós cantamos a liberdade.
Cantar, mesmo quando é escuro, é um ato de extremo amor, de esperança, de resistência. Soa como grito, vindo de baixo, que denuncia a opressão. Cantar quando é escuro nos faz lembrar de uma das três flores da esperança zapatista, oferecidas ao mundo desde o sudoeste mexicano. Essa flor fala exatamente da procura pela liberdade, vista como o amanhecer, onde “alguns o esperam dormindo, outros acordam e caminham durante a noite para alcançá-lo”, mas os zapatistas – e as sonhadoras e sonhadores do mundo todo – são “viciados em insônia, e deixam a História desesperada”. Caminhar na escuridão da noite, na procura e na construção da liberdade, é muito ousado; e caminhar cantando, é a certeza de que os passos serão ritmados, os corações embalados, e que estarão juntos quando o sol raiar!
A cada uma e a cada um, seguem fraternos abraços, carregados de esperança!
Aline Ogliari,
Secretaria Nacional da Pastoral da Juventude.

Leia a Carta em PDF

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