‘Prisões não vão resolver as questões de violência’, afirma sociólogo

 Em Justiça Restaurativa

Em 10 de junho, a cidade de Cuiabá (MT) viveu momentos de tensão com uma rebelião de presos da Penitenciária Central do Mato Grosso. Alguns dos que escaparam dos cárceres, atearam fogo em ônibus. A rebelião teria sido desencadeada em resposta à suspensão à visitas e banho de sol na unidade prisional, após o início da greve dos agentes prisionais locais.
Para a maior parte da opinião pública – que analisa as consequências e não as causas dos problemas – a rebelião foi que comprova “a periculosidade dos presos”. No entanto, houve quem pensasse diferente. Em entrevista ao Site Olhar Direto, Naldson Ramos, doutor em Sociologia e professor na Universidade Federal do Mato Grosso analisou que a rebelião foi uma reação dos presos aos desrespeitos que sofrem rotineiramente nas prisões.
“A rebelião sempre esteve presente no contexto do cárcere, independentemente de onde e em qual momento ela se dê. Acontece como reação a quebra de direitos relativos as condições para o cumprimento da pena, como a suspensão das visitas, neste caso, ou a falta de médicos e comida”, avaliou.
No entender de Naldson, a negligência a sociedade e do Poder Público com os presos é alimentada por uma cultura na qual o cidadão tende a acreditar que a pessoa encarcerada dispõe de regalias, quando na verdade refere-se a condições mínimas de dignidade estabelecidas para os que passam pelo sistema prisional.
Ainda segundo o doutor em Sociologia, o movimento registrado do lado de fora na Penitenciária Central do Mato Grosso reflete a falta de estrutura para o cumprimento de demandas humanitárias estabelecidas pela lei dos direitos humanos. Assim, os ataques ao transporte coletivo foram uma maneira de chamar a atenção para algo, pressionando a população por meio do caos, forçando o governo a olhar para a causa.
À medida que a sociedade ignora o problema dos presos, avaliou Naldson, há prejuízo para todas as pessoas. “A sociedade, de modo geral, acredita não fazer parte deste problema, mas todos precisam discutir respostas sobre o cumprimento de uma pena. Não é uma responsabilidade das autoridades somente, mas um problema de todos”.
O professor considerou, ainda, ilusória a pretensão de promover segurança por meio do encarceramento deliberado. “As pessoas acham que criando prisões vão resolver as questões de violência, mas não é assim. É impossível que o preso fique totalmente isolado do convívio social. Ele tem contato com carcereiro, familiares, etc. Isso pode gerar ações de violência externa”.
Naldson defendeu um enfrentamento maior à origem da criminalidade, que na maioria dos casos está atrelada às condições de fragilidade social. “Você tem que pensar em soluções para estas ausências, como educação, saúde e políticas de integração. É necessário criar ações voltadas, por exemplo, a prática de esportes e a cultura. Atividades que ocupem e impeçam o desenvolvimento do crime”.
Com informações do Site Olhar Direto

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