A Pastoral Carcerária Nacional tem um novo bispo referencial: Dom Otacílio Luziano da Silva, 60, bispo de Catanduva (SP), que foi designado para a função durante a 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em abril, em Aparecida (SP), e oficializado no cargo na segunda-feira, 13 de julho.
Dom Otacílio substituirá a Dom Pedro Luiz Stringhini, atual bispo de Mogi das Cruzes, que por 14 anos esteve como referencial da Pastoral Carcerária.
Nascido em Maracaí, no interior paulista, Dom Otacílio foi ordenado padre, em 1987, na Diocese de Assis, eleito bispo de Catanduva em outubro de 2009, tendo recebido ordenação episcopal em dezembro do mesmo ano. Tomou posse no dia 17 de janeiro de 2010.
Dom Otacílio já exercia a função de bispo referencial da Pastoral Carcerária no Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo) e em 2014 teve destacado empenho para que o governador do Estado sancionasse a lei que proíbe a revista vexatória nas unidades prisionais paulistas.
Expectativas e desafios
Segundo Dom Otacílio, ser escolhido bispo referencial da Pastoral Carcerária Nacional “é um grande desafio por se tratar de uma pastoral que tem a missão de trabalhar com pessoas mais excluídas de nossa sociedade, pessoas que a sociedade sente medo, alimenta desejo de vingança, quer ver longe de seus caminhos. No entanto, esse desafio temos que enfrentar e ver na pessoa do preso a própria pessoa de Jesus de Cristo. Porém, esse contato exige dos agentes da Pastoral Carcerária atitudes que vão além da mera compaixão, pois é necessário fazer com que a pessoa encarcerada reconheça seu erro e busque caminhos de conversão, de libertação. E isso só será possível através de Jesus Cristo”.
Dom Otacílio considera que a Pastoral Carcerária pode aprimorar ainda mais a busca da defesa dos direitos do encarcerado, “que no Brasil significa os mais pobres, e que muitas vezes não contam com quem os defenda”; a indicação de novos caminhos “que lhes ajudem a mudar de vida”; a escuta do que o encarcerado tem a dizer, “inclusive de sua própria vida, de sua história e de seus anseios”.
Outros desafios da Pastoral, segundo o Bispo são a “luta pela humanização dos cárceres, que, infelizmente, é um mal necessário e reflexo de uma sociedade que ainda caminha longe dos caminhos de Deus. É preciso a transformação dos cárceres em ambientes que deem oportunidade para o preso se reabilitar e voltar a conviver normalmente na sociedade”; e a “defesa do desencarceramento como solução contra a crescente violência em nosso País, propondo políticas públicas mais justas que abram caminhos para a inclusão de todas as pessoas, não somente no que toca à redistribuição de renda”.
Ainda no entender de Dom Otacilio, é necessário ampliar o número de agentes da Pastoral para que a Igreja se faça presente nos ambientes do cárcere.
Ele também espera adesão de políticos que no Congresso Nacional “defendam leis que busquem mudar a situação desumana pela qual passa o sistema prisional brasileiro e que fiscalizem e exijam do Executivo e Judiciário ações que combatam a superlotação carcerária, para se chegar a um sistema de reeducação do encarcerado e para diminuir o alto índice de reincidência criminal”.
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