Em fins de julho, duas rebeliões na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, na zona rural de Boa Vista, capital de Roraima, foram intensamente noticiadas pela mídia local. Em uma das tentativas de fugas, três presos ficaram feridos.
Oficialmente, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que as fugas teriam sido causadas por confusões entre os presos. Conforme informações apuradas pela Pastoral Carcerária de Roraima, as precárias condições da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo tem levado a um estado “delicado e explosivo”.
Um dos problemas é que há meses o fornecimento de comida e de kits de limpeza para os presos apresenta falhas e que após manifestações de descontentamento tem havido intervenções violentas, gerando uma revolta ainda maior.
Para conter uma rebelião em 28 de julho, por exemplo, a polícia usou balas de borracha e três presos ficaram feridos. Dias depois, se procedeu a revista em toda a unidade prisional, em uma ação policial com efetivo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Grupo de Intervenção Tática (GIT), Companhia de Guarda da Policia Militar e cavalaria.
A Pastoral Carcerária de Roraima tem acompanhado o desenrolar dos fatos na Penitenciária e seguirá atenta à defesa da dignidade humana dos presos.
Visita da OAB Roraima à unidade prisional
Na sexta-feira, 22, a Comissão de Inspeção Carcerária da OAB Roraima visitou, de forma surpresa, a Penitenciária Agrícola do Monte Cristo. Segundo o presidente da OAB Roraima, Jorge Fraxe, da visita resultará um relatório, apontando as falhas e propondo soluções ao Governo do Estado.
Fraxe enfatizou que nas condições atuais, a penitenciária agrícola não tem condições de receber pessoas, devido à falta de estrutura física (há superlotação carcerária), poucos integrantes na parte administrativa, além de alimentação inadequada, assistência psicológica inexistente, assistência médica precária, entre outros aspectos. Ele alertou que o governo de Roraima terá que investir em melhorias para dar as condições mínimas de permanência dos presos, para que não seja alvo de uma ação civil pública.