ONU: Tuberculose tem alta incidência nas Américas e é ainda maior nos presídios

 Em Combate e Prevenção à Tortura

Nos últimos 25 anos, as Américas reduziram consideravelmente o número de novos casos e de mortes por tuberculose, mas ainda assim 270 mil pessoas contraíram a doença em 2015 e quase 50 mil não sabem que estão doentes.
“A tuberculose é um problema de saúde associado à pobreza e às más condições de vida que, somadas às dificuldades de acesso aos serviços de saúde, precisa ser abordado por toda a sociedade”, afirmou Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Análise de Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).
As populações em maior risco nas Américas são as pessoas que vivem com HIV, pessoas em situação de rua, moradores de bairros marginalizados, pessoas privadas de liberdade e com problemas de dependência de substâncias — grupos que geralmente têm acesso limitado à atenção de saúde e, quando a tem, nem sempre são diagnosticados oportunamente.
As Américas têm a menor porcentagem (2,6% do total) de novos casos de tuberculose no mundo, em comparação com 61% na Ásia e 26% na África. A maior carga da doença (88%) está concentrada em dez países da região. Os novos casos de tuberculose vêm diminuindo 1,8% ao ano e mortes, 2,9%, graças às medidas tomadas pelos países da região, alinhadas à Estratégia Mundial da OMS e ao Plano de Ação de Prevenção e Controle da Tuberculose da OPAS.
Embora seja uma doença curável e evitável, estima-se que a tuberculose tenha sido responsável por 25 mil mortes nas Américas em 2015.
A elevada incidência de tuberculose nos presídios brasileiros é uma emergência de saúde pública e de direitos humanos que demanda ações mais efetivas de controle, tratamento e prevenção, segundo especialistas.
Enquanto na população em geral a incidência da tuberculose está em 33 casos para 100 mil habitantes — o que já torna o Brasil um dos 20 países com alta carga da doença, segundo a OMS —, entre os detentos esse indicador sobe para alarmantes 932 casos para cada 100 mil, apontam dados de 2015 do Ministério da Saúde.
As condições precárias às quais muitos presos são submetidos, entre elas a superlotação e a falta de ventilação e iluminação nas unidades prisionais, favorecem a disseminação da doença cuja bactéria é transmitida pelo ar. Outras condições frequentes entre presos também os tornam ainda mais vulneráveis, como a infecção por HIV, a má-nutrição e o uso de drogas.
No Brasil, há mais de 600 mil detentos, quarta maior população prisional do mundo, formada principalmente por jovens negros, de baixa escolaridade e de baixa renda. O sistema está com 161% de sua capacidade ocupada, o que significa que, em celas concebidas para custodiar dez pessoas, há em média dezesseis, de acordo com o Ministério da Justiça.
A superlotação é o fator determinante para os altos índices de tuberculose nos presídios brasileiros, de acordo com o vice-presidente da organização Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (Rede TB), Julio Croda. A população prisional é a mais vulnerável à doença, seguida da população de rua, das pessoas vivendo com HIV e da população indígena.
“Existe uma incidência maior da tuberculose na população privada de liberdade pelas próprias condições de encarceramento”, declarou Croda, lembrando que ações de combate à doença na população privada de liberdade devem passar necessariamente por uma reformulação do sistema carcerário e pelo fim da superlotação nos presídios.
Fonte: ONU Brasil

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