Caros/as amigos/as da Pastoral Carcerária,
O Papa Francisco dirigiu uma carta ao Arcebispo Rino Fisichella, em 11 de fevereiro de 2022, confiando a ele a tarefa de preparar o Jubileu de 2025, popularmente conhecido como Ano Santo.
O último Jubileu ordinário teve lugar por ocasião da passagem do milênio no ano 2000. O primeiro Jubileu foi instituído por Bonifácio Oitavo no ano de 1300, com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, a cinquentenária, e enfim fixada de vinte e cinco em vinte e cinco anos.
O Jubileu representou sempre na vida da Igreja um acontecimento de grande relevância espiritual, eclesial e social. Escreve Papa Francisco a esse respeito:
O próximo Jubileu poderá favorecer imenso a recomposição dum clima de esperança e confiança, como sinal dum renovado renascimento do qual todos sentimos a urgência. Por isso escolhi o lema PEREGRINOS DE ESPERANÇA. Que as vozes dos pobres sejam escutadas neste tempo de preparação para o Jubileu que, segundo o mandamento bíblico, restitui a cada um o acesso aos frutos da terra: «O que a terra produzir durante o seu descanso, vos servirá de alimento, a ti, ao teu escravo, à tua serva, ao teu jornaleiro e ao inquilino que vive contigo. Também o teu gado, assim como os animais selvagens da tua terra, poderá alimentar-se com todos esses frutos» (Lv 25, 6-7).
O Cardeal Van Thuân, que ficou encarcerado por treze anos, nove em total isolamento, sem nunca ter tido um processo e uma condenação, pode ser considerado como uma Testemunha da Esperança. Para conhecer melhor a história do Cardeal, leia o texto abaixo e confira esse site: https://www.cardinalvanthuan.org/index.php/pt/.
Por isso convido vocês a nos tornarmos com ele Peregrinos da Esperança, percorrendo juntamente o caminho que leva ao ano da graça que para nós é o sonho de Deus: “Um mundo sem Cárceres”.
Essa é a proposta da Coordenação da Pastoral Carcerária Nacional para a “Peregrinação da esperança”:
- Procuremos fazer um cartaz do venerável Cardeal Van Thuân [sem escrita] incentivando sua veneração por meio do conhecimento de sua vida e seus pensamentos.
- É bom usar com frequência o material que foi produzido sobre ele que na sua riqueza pode alimentar os momentos de oração e de mística seja para os nossos/as irmãos/as encarcerados, assim como para nós agentes de pastoral. [Roteiro da celebração da Palavra; os 14 “defeitos de Jesus”, sua história de vida].
- Outra atividade louvável em nossas visitas é a distribuição da imagem do Venerável Cardeal Van Thuân com a oração que seria bom rezar com frequência pedindo aos nossos irmãos/as encarcerados que rezem e o invoquem com frequência para eles/as e seus familiares.
O mundo sem cárceres sinal concreto do Jubileu da Esperança
Escreve o Papa Francisco na Bula de convocação do Jubileu Ordinário do Ano de 2025 “SPES NON CONFUNDIT” [A Esperança não engana] indicando alguns sinais de esperança:
Penso nos presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito. Proponho aos Governos que, no Ano Jubilar, tomem iniciativas que lhes restituam esperança: formas de amnistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade; percursos de reinserção na comunidade, aos quais corresponda um compromisso concreto de cumprir as leis.[1]
[1] «Spes não Confundit», Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025 10
Trata-se de um apelo antigo que, provindo da Palavra de Deus, permanece com todo o seu valor sapiencial ao invocar atos de clemência e libertação que permitam recomeçar: «Santificareis o quinquagésimo ano, proclamando na vossa terra a libertação de todos os que a habitam» (Lv 25, 10). O que está estabelecido na Lei mosaica é retomado pelo profeta Isaías: «O Senhor (…) enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros, para proclamar um ano da graça do Senhor» (Is 61, 1-2). [1]
São palavras que Jesus fez suas no início do seu ministério, declarando em Si mesmo o cumprimento do «ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4, 19).
E Francisco convida-nos a fazer-nos intérpretes disso pedindo corajosamente:
§ Condições dignas para quem está preso/a
§ Respeito dos Direitos Humanos
§ Abolição da pena de morte [também a prisão perpetua, que não existe legalmente no Brasil, mas formalmente], medida inadmissível para a fé cristã que aniquila qualquer esperança de perdão e renovação
E uma proposta que poderíamos estender aos diversos estados sendo um sinal de esperança:
A fim de oferecer aos presos um sinal concreto de proximidade, eu mesmo desejo abrir uma Porta Santa numa prisão, para que seja para eles um símbolo que os convida a olhar o futuro com esperança e renovado compromisso de vida.[1]
Boa peregrinação e preparação ao Ano Jubilar da Esperança.