Uma parceria estabelecida entre Pastoral Carcerária e o Conectas Direitos Humanos deu início a um projeto voltado à inserção social de egressos de duas unidades prisionais de Franco da Rocha (SP) que retornam para a região da Brasilândia e Jardim Peri Alto, na cidade de São Paulo.
O projeto terá duração de dois anos e focará sua atuação na redução da vulnerabilidade de egressos ao retorno à prisão. Muitos encontram sérias dificuldades ao ganhar a liberdade, ao ter que enfrentar estigmatização, desemprego, problemas de saúde, falta de habitação, pouca qualificação para o mercado de trabalho, o que acaba impelindo alguns a viver nas ruas ou mesmo retornar à prisão.
A falta de ocupação e de acompanhamento emocional concorrem entre as principais causas do reingresso à prisão. O sistema de justiça tem funcionado como uma porta giratória para essas pessoas, que terminam por cumprir pena perpétua à prestação, ao permanecerem pouco tempo nas ruas até que algo as coloque de volta à prisão.
Infelizmente, o Estado tem feito muito pouco para responder às necessidades dos milhares de egressos que deixam as prisões por ano. Não há um programa de integração social que responda a toda essa população. Poucos são beneficiados a partir de programas pilotos que nem sempre podem ser replicados em outras regiões do país.
O projeto buscará oferecer oportunidades para a inserção no mercado de trabalho, educação e capacitação, tratamento de saúde, inclusão em albergues, e restabelecimento dos laços com a família, religião e amigos. Ao final, as entidades irão publicar os resultados e apresentar recomendações aos poderes públicos federal e estadual para que esses possam criar um programa consistente de redução do reingresso às prisões.
Vale dizer que a reincidência e a reiteração no crime não são as únicas causas de retorno às prisões, mas os ilimitados obstáculos colocados pelo poder público contra os egressos e egressas do sistema prisional.