Passaram-se as atividades da Semana Santa, como acontece em todos os anos. No entanto, 2013 ao celebrar essa semana deixa uma marca profunda na história da humanidade e da Igreja, sobretudo. O papa Francisco, como fazia quando cardeal, tomou a decisão de não presidir a missa do Lava Pés na Basílica de São Pedro para ir a uma prisão de jovens em Roma. Uma decisão que surpreendeu a todos. É a primeira vez que na historia se tem noticia de um gesto assim.
O padre Valdir, nosso coordenador nacional, anunciou que temos um novo agente de Pastoral Carcerária: o papa Francisco. É a primeira vez que na igreja o Papa faz esta experiência. A sua foto espalhou-se pelo mundo, inclinado, lavando os pés dos jovens na prisão.
A atitude do Papa nos ensina que a Igreja existe para servir de modo concreto a quem mais precisa. Quem se encontra dependente dos outros para viver é quem mais precisa. Na doença e na prisão, o ser humano é o mais carente de presença e de solidariedade.
O Papa nos ensina que para servir não pode existir preconceito, isto é, que não podemos escolher a quem servir fazendo acepção de pessoas. Mesmo sendo admirado por sua simplicidade, certamente alguém discordou da atitude do Papa de ir a uma prisão para a missa do lava pés. “Quem é acusado de crime ou cumpre pena ou ‘medida socioeducativa’, não merece atenção de ninguém, muito menos de um Papa”.
O papa Francisco se coloca como servidor dos mais excluídos. Ele entendeu perfeitamente o que Jesus fez na ceia. “Dei o exemplo para que vocês façam a mesma coisa”. O Papa fez por convicção pessoal, mas também nos dando o exemplo, para que o povo cristão também assim se comporte pelo exemplo de vida.
A vida cristã precisa crescer através do serviço e da caridade. O gesto do Papa vai exatamente nessa direção de uma igreja que está a serviço, presente nas realidades do mundo. Não podemos nos esquecer, como cristãos, a realidade das prisões cada vez mais se estabelece dentro de uma cultura de morte quando a proposta de Jesus nos aponta para uma cultura de vida.
O Lava Pés que Jesus realizou, isto é, a Páscoa, a ceia da nova aliança, é a entrega de sua vida para que todos tenha vida em abundância.
A solidariedade não pode ser objeto de pregação, como muitas vezes deixa transparecer. Pregamos o que não vivemos quando caridade é serviço ao outro, ao próximo. São os nossos gestos que devem falar mais que as nossas palavras. Os gestos do Papa começam a falar mais do que suas palavras. Assim, deve o Evangelho ser anunciado por ele e por todos nós.
O Papa sinaliza para toda Igreja a importância e a necessidade da Pastoral Carcerária no mundo todo, indicando que é missão da Igreja e dos cristãos manter essa presença. Quem é católico, admirador do Papa, não pode mais falar contra a Pastoral Carcerária e dizer que isso não é trabalho para a Igreja. Isso seria ser contra o Papa que assume como sua a Pastoral Carcerária, ele mesmo tornando-a sua, como missão.
A partir de agora, nas dioceses do mundo e em suas paróquias e comunidades, as pessoas cristãs podem até não darem assistência às pessoas presas, mas sabem que é missão nossa e de toda Igreja poder realizá-la, como missão do Papa e de todos nós.
Padre Bosco Nascimento
Coordenador da Pastoral Carcerária na Paraíba
peboscofn@gmail.com