A Assembleia Estadual da Pastoral Carcerária, realizada em Piracanjuba (GO), foi considerada pela coordenadora regional do Centro Oeste, Irma Maria José Monteiro, e pela irmã Petra Silvia Pfaller, vice-coordenadora da PCR Nacional, como a melhor já realizada no estado. Opiniões com conhecimento de causa: ambas já realizaram e participaram de muitas assembleias estaduais em Goiás, irmã Petra desde a primeira.
A assembleia reuniu um grupo de mais de 30 membros da PCr, representando sete das 11 dioceses do estado (Goiânia, Itumbiara, Ipameri, São Luiz de Montes Belos, Uruaçu, Goiás, Formosa).
Durante apenas um dia e meio, (13 e 14 de julho), foi aprovado o primeiro regimento interno da pastoral estadual. Elegeu-se, por unanimidade, uma nova coordenação, num processo tranquilo e transparente: cada diocese se reuniu em grupo e fez suas indicações para coordenador, vice-coordenador e secretário executivo – essa foi indicação da coordenação e aprovada pela assembleia. Esse cargo de secretário é uma das novidades do novo regimento e, seguramente, ajudará o trabalho da coordenação.
Deixaram a coordenação: Mario Rodrigues da Silva, da PCr de Itapuranga, e Arcelina Helena, da PCr da cidade de Goiás, ambos da Diocese de Goiás. Assumiram a coordenação: Marta Teresa de Souza, da PCr de Morrinhos, na Diocese de Itumbiara, e irmã Liberata Magliocchetti, da PCr de Jussara, na Diocese de Goiás. A advogada Joana D’Arc Oliveira Rodrigues dos Santos, da Pastoral Carcerária de Piracanjuba, na Diocese de Itumbiara, foi nomeada e aprovada pela assembleia como secretária executiva (na foto, em ordem da direita para a esquerda).
Partilha de informações
Em um dia e meio de trabalho, deu tempo para a apresentação dos relatórios da PCr em cada diocese: partilhas ricas em informações e conquistas, que enriquecem o enfretamento de dificuldades que fortalecem os trabalhos.
Em Morrinhos, os presos se reuniram e proibiram o crack e Piracanjuba sempre conta com a parceria boa do Ministério Público local. Em Formosa, a PCr realizou uma celebração com os agentes penitenciários o que os deixou felizes, pois sentem “que ninguém liga para nós”. Na maioria das prisões em Goiás se desenvolve o trabalho artesanal, cada vez de melhor qualidade. Cresce o número das unidades, como a de Piracanjuba e de Ceres, que possuem belas hortas sem agrotóxico: além de melhorar a alimentação dos presos, a venda para a população da cidade dá uma renda para os que trabalham e conquista a simpatia pelos presos em geral. No entanto, continuam acontecendo violências e torturas, as condições das celas não são boas e permanece a superlotação.
A Senhora Antiara Cardoso Leal, a primeira mulher a ocupar o cargo de diretora do CPP – Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia, expôs os trabalhos e objetivos da nova Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça do Estado (SAPEJUS), no sábado à tarde. A CPP tem capacidade para 760 pessoas, mas há mais de 1.500 homens e aproximadamente 100 mulheres. Na condição de representante do novo Secretário Edmundo Dias, da SAPEJUS, Antiara respondeu com realismo e tranquilidade a todas as perguntas.
A Assembleia recebeu também a visita da primeira dama de Piracanjuba que, no primeiro momento do encontro, deu as boas vindas e colaborou com a equipe local.
Conhecimento da realidade
Durante a semana antes da assembleia, Heidi Cerneka, coordenadora nacional da Pastoral Carcerária pela questão da mulher presa, junto com a irmã Maria José, viajou pelas longas, e nem sempre tão boas, estradas do Estado de Goiás. Visitaram as prisões, conversaram com os presos e as presas e os diretores das unidades e também com os membros da pastoral local. No sábado, à noite, partilharam as observações das visitas, destacando violações de direitos e temas específicas para trabalhar dentro do estado. Neste momento, também pediram participação de todos para destacar as realidades locais.
No domingo, além da eleição da nova coordenação, todos os participantes foram acolhidos pela comunidade da Igreja de São Sebastião, ao lado do centro comunitário onde realizaram os trabalhos. O celebrante, frei Sergio, que faz parte da equipe local de Piracanjuba, participou também de parte do encontro e, ao final da missa, proferiu a benção de envio.
Avaliações da assembleia
Na avaliação final, sobraram elogios e agradecimentos a hospitalidade das companheiras de Piracanjuba: muitas famílias hospedaram em suas casas os membros da PCr e a comida saborosíssima e variada foi também fruto da arte e do carinho dos companheiros e companheiras da PCr local.
Aqueles que chegaram na véspera do início do encontro encontraram as companheiras na cozinha enrolando pão e biscoito de queijo que só foram assados de manhã cedinho e servidos bem quentinhos. A hospitalidade goiana foi muito elogiada e aprovada.
Uma das únicas reclamações foi sobre a programação de sábado considerada pesada para quem vem de outras cidades. De fato, foi extensa e alguns temas, como a “Justiça Restaurativa“ e „Espiritualidade da Pastoral Carcerária“ foi deixada para o próximo encontro, que será na cidade de Caldas Novas , em data a ser marcada em agosto de 2014.
Reportagem: Arcelina Helena Publio Dias, da Pastoral Carcerária de Goiás.