Nos dias 30 e 31 de agosto, a Pastoral Carcerária do estado do Mato Grosso realizou o seminário “Mulheres e Prisões – Caminhos para a Reintegração Social”. O evento ocorreu na Faculdade Católica de Mato Grosso e foi realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por meio da Pastoral Carcerária Regional Oeste 2 e demais parceiros.
Além dos agentes da PCr, estiveram presentes representantes de várias entidades e órgãos, como a Defensoria Pública, o Conselho da Mulher, o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Ministério público, a OAB/MT, dentre outros. A coordenadora nacional para a questão da mulher presa da PCr, Rosilda Ribeiro, também participou do seminário.
O objetivo do evento era proporcionar um diálogo da Pastoral do Estado com essas instituições e a sociedade em geral, para se elaborar políticas e ações concretas em benefício das mulheres presas e seus familiares.
Durante os dois dias, foram debatidos temas como o encarceramento feminino no Brasil e em Mato Grosso, os desafios da reintegração social de mulheres oriundas do Sistema Prisional, o combate à violência contra a mulher no âmbito do Sistema Prisional e a realidade das Profissionais atuantes no Sistema Prisional.
A saúde das mulheres presas, a questão racial e a situação das presas provisórias também foram debatidas.
“É lamentável que a maioria das mulheres presas em nosso Estado sejam negras, pobres e de pouco estudo. Daí a conclusão que o sistema prisional ainda é racista e classista. A partir do levantamento feito, torna-se urgente a discussão sobre o desencarceramento no Estado, pois das 609 mulheres presas, 63,22% são presas provisórias, não passaram por julgamento”, analisa o Padre Reinaldo Padre Reinaldo Braga Junior, secretário executivo da CNBB Regional Oeste II, que participou do seminário e de sua organização.
Além de mesas de debates, o segundo dia do evento dividiu os participantes em Grupos de Trabalho (GTs). Desses grupos surgiram propostas que, junto com os relatórios de visitas às prisões elaborados pelos agentes, irão compor um plano de ação da PCr do estado, para trabalhar em relação às mulheres presas.
Em sua fala no seminário, Rosilda Ribeiro abordou a maneira bruta e violenta com que as mulheres presas são tratadas na prisão e pela polícia militar, a importância se discutir a questão das drogas, maior causa do encarceramento feminino, e a urgência da desmilitarização das polícias para a busca de uma cultura de paz.
Segundo Padre Reinaldo, o evento foi de grande importância para fortalecer o trabalho da Pastoral, e o que foi discutido e formulado servirá de base para o trabalho com as mulheres presas.
“A presença sensível, solidária, misericordiosa e profética da Igreja através da Pastoral Carcerária tem sido um alto testemunho e tem feito um bem enorme às nossas irmãs e irmãos vulneráveis em situação de cárcere ou egressas/os. (…) Ainda temos um longo caminho a percorrer, para que a Igreja seja e esteja, em todas as suas expressões, sempre em Saída e socorrendo os caídos.
Buscar o Céu sim, mas cuidando dos irmãos e irmãs que sofrem, como fez e nos pediu Jesus. ‘Eu estava preso….. a mim o fizestes”’.