Aos/Às Cristãos/ãs, Cidadãos/ãs, pessoas de boa vontade,
Amor e Verdade se encontrarão. Justiça e Paz se abraçarão (Salmo 85)
Ao longo do período político-eleitoral, a Diocese de Uberlândia ofereceu, por diversos meios, aos seus fiéis uma série de reflexões sobre os vários aspectos das Eleições 2018. Chegando à reta final deste evento cívico, vimos mais uma vez manifestar nossas preocupações e orientações para que ele tenha o melhor desfecho possível.
Temos assistindo a um acirramento de polarizações ideológicas, intensos ataques desleais aos adversários e uma disseminação incontrolável de notícias falsas (fake news). Tudo isto vai fomentando um cenário explosivo e perigoso; não têm sido raras as agressões físicas e atitudes de ódio e intolerância. Tudo isto depõe contra os preceitos mínimos da vida democrática, além de ser uma afronta aos valores evangélicos: amor fraterno, paz e solidariedade.
Nenhuma pessoa, sobretudo aquelas que professam a fé cristã, pode perder sua lucidez, sua sensibilidade humana e sua capacidade de discernimento, segundo os critérios da defesa da dignidade humana, da liberdade, da justiça e da paz.
Em comunhão com o Papa Francisco, com vários segmentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com diversas pessoas promotoras da paz e da justiça, a Igreja Católica em Uberlândia vem apresentar alguns critérios e pistas para a melhor escolha dos nossos representantes, em nível estadual e nacional.
A Igreja não defende nem apoia nenhum Candidato ou Partido Político em especial. Ela se sente chamada a ser “advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu” (Doc. de Aparecida, n. 395).
Todavia, é imperioso observar o Candidato que:
- ordena sua conduta política pelo espírito democrático;
- respeita os preceitos básicos do embate político, manifestando cordialidade aos seus adversários;
- tem uma vida pública pautada pela defesa do direito dos mais pobres;
- apresenta uma conduta Ética e respeito aos Direitos Humanos;
- não dissemina violência, ódio, racismo, homofobia e preconceito contra mulheres e pobres;
- não faz apologia à tortura, à pena de morte e ao armamentismo.
Lembramos aos/às Eleitores/as o compromisso e a seriedade com que devemos encarar as Eleições, isto é antes de tudo um DEVER DE CIDADANIA. Como Cidadãos/ãs não devemos ficar alheios/as a tudo que diz respeito à Sociedade, e as Eleições definem muitos aspectos do futuro de nossas vidas pessoal e social. Além disso, é interesse e dever de todos nós colaborar, pelas nossas palavras e atitudes, na construção da cultura de paz, com espírito de tolerância, e na superação dos preconceitos, pois tudo isto nos traz a harmonia social.
Concluímos com a exortação esperançosa dos Bispos do Regional Leste 2 da CNBB (05/06/2018) sobre as Eleições 2018:
Nosso tempo é difícil, complexo, fragmentado; por isso, não podemos tratar esta bela via da grande caridade, que é a política, com descaso e desinteresse. […..]
Não podemos ceder a quem queira enfraquecer e violar o regime democrático!
Convidamos a todos a olhar este momento com esperança e otimismo. É hora de escolher quem vai dirigir o Brasil e nosso Estado.
Cada Cristão em consciência faça sua escolha sem esquecer-se das escolhas de Jesus.
Num espírito fraterno e democrático,
Comissão Diocesana de Justiça e Paz
Dom Paulo Francisco Machado
Bispo da Diocese de Uberlândia
Uberlândia, outubro 2018