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Declaração do VI Encontro de Pastoral Carcerária

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O SONHO DE DEUS! UM CONTINENTE SEM PRISÕES

Nós, delegados e representantes dos agentes de Pastoral Carcerária dos países da América Latina e Caribe, convocados pelo Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), reunidos no seu VI encontro na cidade de Santo Domingo, República Dominicana, de 24 a 28 de novembro de 2008, somos chamados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo para que nossos povos tenham vida nEle.
Assumimos o sonho de Deus como nossa missão no âmbito das prisões, isto é, em uma realidade que golpeia a todos os setores da população, mas principalmente o mais pobre, dado que a violência é produto da injustiça e todos somos responsáveis pelo sistema de exclusão no qual vivem nossos povos.
Temos o triste privilégio e paradoxalmente a graça de ser testemunhas de que a imensa maioria das prisões de nosso continente são recintos desumanos, caracterizados pelo comércio de armas, drogas, aglomeração, torturas, crime organizado e ausência de programas de humanização (Cf. Ap, 427).
Queremos levantar nossa voz nos espaços sociais de nossos povos, especialmente em favor dos excluídos da sociedade, (Cf. A Missão Continental para uma Igreja Missionária); por isso continuaremos denunciando que o sistema penitenciário é desumano, violento e contrário ao projeto de Deus. Diante das estruturas de morte, Jesus faz presente a Vida plena. (Cfr. Ap. 112); como profetas anunciamos o Evangelho de Jesus, o Salvador, que traz Vida Nova para toda a humanidade (Cfr. Ap 102), porque para ele nenhuma vida é descartável.
Dizia o Papa Leão Magno: “Jesus foi tão humano, tão humano, como só Deus pode ser humano”. Ele assumiu toda nossa realidade, encarnou-se, fez-se um de nós e daí mesmo nos libertou. Por isso queremos que nossa missão seja profundamente encarnada, assumindo plenamente todas as realidades, inclusive a da prisão.
Como pessoas de fé, cremos na presença do Reino de Deus entre nós; que é possível uma sociedade de irmãos com estruturas justas e solidárias; para isso a Igreja necessitade uma forte comoção que a impeça de instalar-se na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem do sofrimento dos pobres do Continente, (Cf. Ap. 362) e que se lance com audácia e criatividade apostólicas, abandonando as ultrapassadas estruturas que já não favorecem a transmissão da fé. (Cf. Ap 365)
Queremos que o sonho de Deus seja nosso sonho: que não existam prisões, para isso há de se transformar o modelo de sociedade imperante em nosso Continente. Vemos fundamental e urgente que os governos de nossos países priorizem e invistam em uma educação pública de qualidade, especialmente para os setores mais pobres e marginalizados.
Sabemos que nosso desafio é grande e a ele (ou por isso?) convocamos todos os atores da sociedade latino-americana e do Caribe.
A partir da reflexão e das experiências partilhadas nesse encontro, comprometemo-nos a não desistir, a viver com alegria e valentia a mensagem da Boa Notícia, a unir e multiplicar esforços por transformar a sociedade e por humanizar o sistema penitenciário, a ser discípulos missionários comprometidos, encarnados, entusiastas que testemunhem o Evangelho de Cristo, inclusive até dar a própria vida.
Junto a nossos bispos em Aparecida, pedimos ao Espírito Santo que nos livre da fadiga, da desilusão e da acomodação ao ambiente e rogamos um novo Pentecostes que nos renove e nos impulsione à missão continental na realidade prisional, das mãos de Maria de Guadalupe, Padroeirada América.

Santo Domingo, novembro de 2008.

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