Nos dias 17 de abril e 12 de junho, Magda de Fátima, agente da Pastoral Carcerária e Coordenadora Nacional da PCr para Questão da Mulher Presa, participou do podcast Fé na Vida, um programa voltado à teologia pastoral. Foram dois episódios que abordaram o trabalho da Pastoral Carcerária e o encarceramento feminino.
No primeiro episódio, Magda compartilha como a Campanha da Fraternidade despertou nela o chamado para estar junto aos irmãos e irmãs encarcerados, marcando o início de sua caminhada na Pastoral. Ela explica que o trabalho da Pastoral Carcerária está presente em 80% das dioceses do Brasil, contando com diversos agentes em todo o país.
Magda destaca que o sistema penal brasileiro é punitivo e seletivo, não promove restauração nem ressocialização. O trabalho da Pastoral se fundamenta em dois pilares: a Evangelização e a Promoção da Dignidade Humana. “Na luta pelo desencarceramento, a Justiça Restaurativa é como a menina dos olhos da Pastoral”, afirma. Essa Justiça se apresenta como sinal de esperança por meio de formações online e presenciais, práticas circulares com escuta ativa e acolhedora, e atua no combate às diversas formas de tortura enfrentadas dentro dos cárceres.
No episódio do dia 12 de junho, Magda retorna para discutir o encarceramento feminino, trazendo dados relevantes sobre a presença de mulheres nas prisões brasileiras. Segundo relatório do SISDEPEN, há atualmente 29.137 mulheres presas no país. Ela também observa o crescimento expressivo desses números entre 2000 e 2020, passando de 6.000 para 37.165 mulheres encarceradas.
Magda relata que esse aumento tem relação com a Lei de Drogas de 2006, já que muitas mulheres, por questões familiares e em contextos de vulnerabilidade social, acabam se envolvendo com o tráfico de drogas.
Outra questão abordada foi a situação das mulheres grávidas no cárcere. Apesar das leis que garantem determinados direitos, a realidade observada durante as visitas às unidades prisionais é bastante diferente. Magda denuncia as precárias condições dessas instituições: superlotação, interrupções no fornecimento de água, alimentos estragados, escassez de atividades educativas e laborais, ausência de atendimento médico e falta de medicamentos.
A conversa expõe como essas ocorrências revelam a falta de dignidade nas condições enfrentadas por essas mulheres. Diálogos como esse são importantes espaços para visibilizar e denunciar essa realidade.
Magda encerra sua participação com uma fala marcante do Papa Francisco: “Ou a fé nos impulsiona em direção à defesa dos mais vulneráveis, ou ela não é uma fé cristã.” A Pastoral Carcerária segue firme nessa missão, honrando o que está escrito no Evangelho de Mateus: “Estive preso e foste me visitar” (Mt 25,36).
Para ouvir os episódios completos, acesse: