O Papa Francisco visitou no final da manhã deste sábado em Milão a prisão San Vittore, onde estão reclusos 900 presos. Depois de percorrer os diferentes pavilhões e saudar os detentos, almoçou com cerca de cem deles.
As autoridades da prisão pensaram que o Papa se sentiria mais à vontade se durante o almoço pudesse trocar algumas palavras com detentos que falassem seu próprio idioma. Por esta razão, colocaram em sua mesa algumas detentas latino-americanas, como a equatoriana Dalia, a argentina Mónica e a chilena Gemma.
Os demais lugares no improvisado refeitório foram ocupados por presos representando diferentes nacionalidades e religiões, que aguardam a sentença definitiva.
Francisco visitou o primeiro pavilhão onde se encontram as mulheres detidas com seus filhos pequenos. O Papa saudou as detentas e conversou com os voluntários que trabalham no local.
Jorge Bergoglio percorreu os diversos setores da prisão até chegar na “Rotonda”, a parte central do complexo prisional, que serve de praça para os reclusos e onde pode saudar e ouvir uma ampla explanação.
“Me sinto em casa”, disse Francisco aos presos, segundo informou o jornal Avvenire. Um representante dos presos pediu ao Papa para rezar por eles para “que seus erros possam ser perdoados” e “as pessoas não olhem para eles com desprezo”.
O almoço foi preparado por detentas que frequentam o curso da chamada “Escola Livre de Cozinha”. No menu, pratos típicos da cozinha milanesa, como risoto, chuleta empanada acompanhada por batatas e sobremesa.
Os responsáveis da prisão haviam colocado à disposição do Papa, segundo seu desejo pessoal, o quarto do Capelão para um breve repouso, fato não realizado pela falta de tempo, visto que presidiria logo após a Santa Missa no Parque de Monza, distante 20 km.
Francisco é o primeiro Pontífice a entrar na Prisão San Vittore, um cárcere utilizado durante a ocupação nazista como centro de tortura e detenção de judeus antes de sua deportação para Auschwitz.
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Os presos entregaram uma carta ao Papa agradecendo sua visita e pedindo que haja uma reforma do sistema prisional:
“Nos sentimos privilegiados e não temos dúvida, porque com todos os males que estão no mundo, as adversidades e tantas pessoas que sofrem e que certamente são mais necessitadas do que nós e, apesar de todos os seus compromissos como representante da Igreja, o senhor quis dedicar o seu tempo a nós.
Sua presença é para todos um grande sinal de esperança, nos dá força e coragem, devolvendo-nos aquela dignidade que nós, muitas vezes esquecidos e considerados “entre os últimos da sociedade”, corremos o risco de perder afundando na escuridão e na angústia da vida da prisão.
Como na parábola da “figueira estéril”, precisamos de fertilizantes para voltar um dia a produzir novamente frutos. Nós não queremos ser cortados como galhos mortos e improdutivos, mas queremos a chance de renascer e, através de um caminho de fé e de reeducação social, nos tornarmos parte integrante do mundo lá fora.
Reze Santo Padre, para que o mundo político tenha a coragem de enfrentar e resolver, quanto antes, as problemáticas da reforma do sistema prisional, mantendo alta, ao mesmo tempo, a atenção à dignidade e à reabilitação do condenado. ”
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