No último dia de sua viagem apostólica ao México, em 17 de fevereiro, o Papa Francisco visitou o Centro de Readaptação Social estatal N.3, na Ciudad Juárez, onde encontrou-se com aproximadamente 700 dos 3 mil detentos dessa unidade prisional. Eles são parte das 90 mil pessoas encarceradas nas 473 prisões em todo o território mexicano.
Na saudação inicial aos presos, o Papa enfatizou que não existe lugar onde a misericórdia divina não chegue e nem há quem não possa ser por ela tocado.
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Francisco alertou que é preciso romper o histórico ciclo vicioso da violência e da delinquência na sociedade. “Já se perderam várias décadas pensando e crendo que tudo se resolve isolando, separando, encarcerando, livrando-nos dos problemas, acreditando que estas medidas resolvem verdadeiramente os problemas. Esquecemo-nos de concentrar-nos naquilo que realmente deve ser a nossa preocupação: a vida das pessoas; as suas vidas, as das suas famílias, as daqueles que também sofreram por causa deste ciclo vicioso da violência”.
Ainda segundo o Sumo Pontífice, as prisões são um sintoma da vida atual em sociedade, “em muitos casos, são um sintoma de silêncios e omissões provocadas pela cultura do descarte. São sintoma de uma cultura que deixou de apostar na vida, de uma sociedade que foi abandonando os seus filhos”.
Francisco foi enfático ao afirmar que a reinserção social não deve começar quando a pessoa já estiver presa, mas bem antes. “A reinserção ou reabilitação começa criando um sistema que poderíamos chamar de saúde social, isto é, uma sociedade que procure não adoecer contaminando as relações no bairro, nas escolas, nas praças, nas ruas, nos lares, em todo o espectro social. Um sistema de saúde social que vise gerar uma cultura que seja eficaz procurando prevenir aquelas situações, aqueles caminhos que acabam por ferir e deteriorar o tecido social. Às vezes, parece que as prisões se proponham mais colocar as pessoas em condição de continuar a cometer delitos do que promover processos de reabilitação que permitam enfrentar os problemas sociais, psicológicos e familiares que levaram uma pessoa a determinada atitude. O problema da segurança não se resolve apenas encarcerando, mas é um apelo a intervir para enfrentar as causas estruturais e culturais da insegurança que afetam todo o tecido social”.
Nas palavras finais aos presos, o Papa motivou-lhes a ter esperança e determinação para “escrever uma página nova daqui para frente”; e também aproveitou para agradecer “o esforço dos capelães, das pessoas consagradas e dos leigos que se dedicam a manter viva a esperança do Evangelho da Misericórdia na prisão. Todos vós – não vos esqueçais! – podeis ser sinal das entranhas de misericórdia do Pai. Precisamos uns dos outros para continuar em frente”.