Número de presos em SC explode em uma década

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O morro do Horácio, na região central de Florianópolis, em pouco se assemelha às favelas de São Paulo e Rio. Sem barracos, tem asfalto e transporte público, embora sofra com o fornecimento de água, que chega encanada.
Mas é ali o ponto mais crítico do narcotráfico na capital catarinense, vítima, nos últimos anos, do próprio sucesso como destino turístico e como cidade com alta qualidade de vida acima da média nacional.
A partir dos anos 1990, Florianópolis ganhou projeção nacional, atraindo novos moradores e turistas. O resultado foi que, em duas décadas, a população quase duplicou, passando de 225 mil para 433 mil habitantes, diz o IBGE. No Carnaval, passaram por lá mais de 450 mil pessoas.
“A cidade não pode continuar crescendo a qualquer custo”, sob pena de a vida “se tornar inviável”, disse recentemente o novo prefeito de Florianópolis (SC), Cesar Souza Junior (PSD).
O crescimento da população carcerária tem sido ainda mais explosivo –164% em 2012 em relação a 2003, a maioria por drogas.
Dos vários traficantes do Horácio atrás das grades, o mais notório é Rodrigo Oliveira, 34, o Rodrigo da Pedra, apontado como um dos líderes do PGC (Primeiro Grupo Catarinense), a maior facção criminosa do Estado, que estaria por trás da onda de atentados de 2012 e deste ano. Ele nega envolvimento.
O promotor Alexandre Graziotin, que coordena um grupo de combate ao crime organizado, calcula que o PCG tenha cerca de 2.000 integrantes nas 49 unidades prisionais do Estado. Segundo ele, o grupo se baseou no modelo de atuação e organização do paulista PCC (Primeiro Comando da Capital).
Responsável pelo policiamento da maior parte de Florianópolis, o tenente-coronel da PM Araújo Gomes atribui a escalada do tráfico de drogas à desigualdade.
“Há muita criança que ouve a mãe falar da lancha do patrão, quando a sua realidade é muito distante. Há quem veja no tráfico uma forma de ascender socialmente.”
No Horácio, parte de um complexo de morros com 30 mil pessoas, o narcotráfico surgiu nos anos 1980 e não parou de crescer. Na década de 1990, passou a concentrar o tráfico de cocaína no Estado. Foi alvo de 19 operações policiais nos últimos dois meses, o que não impediu que carros de luxo continuem subindo o morro para comprar droga, segundo moradores.
Mas o tráfico não é feito apenas por membros de comunidades pobres, afirma Francisco Ferreira, um dos mais respeitados advogados criminalistas do Estado e que tem Rodrigo da Pedra entre os clientes. “De uns seis anos pra cá, houve um aumento de pessoas de classe média e média alta envolvidas com o tráfico de ecstasy, skank e LSD.”
NOVO ATAQUE
A onda de violência chegou ontem ao 19° dia com 107 ocorrências em 34 cidades, segundo a PM. O único ataque novo foi registrado em Tubarão (a 131 km de Florianópolis), onde criminosos tentaram queimar o carro de um policial militar.
Com apoio da Força Nacional de Segurança, foram montadas barreiras policiais nos principais acessos a Santa Catarina.
As medidas mais enérgicas do governo do Estado até o momento foram a transferência de 40 criminosos a presídios federais -feitas no sábado de madrugada- e a prisão de 25 pessoas “peças-chave” na articulação dos ataques, segundo a polícia.

Fonte: Folha de S. Paulo

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