Massacre do Carandiru será recordado por movimentos e vítimas da violência no dia 6 

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No marco dos 24 anos do Massacre do Carandiru e na semana seguinte em que o Tribunal de Justiça de São Paulo anula o julgamento que condenou 74 policiais militares pela chacina que matou ao menos 111 p24 anos massacreessoas, movimentos sociais e vítimas da violência estatal organizam uma coletiva de imprensa e uma manifestação em São Paulo.
No dia 6 de outubro, às 15h, na Casa do Povo (rua Três Rios, 252 – Bom Retiro) mulheres vítim
as da violência de Estado falarão à imprensa sobre suas histórias, denúncias e opiniões a respeito da decisão da justiça paulista. Às 17h a manifestação sairá da praça Tiradentes.
A coletiva de imprensa será composta por:
Zilda Maria de Paula – mãe de Fernando Luiz, um dos 23 mortos na maior chacina recente do Estado de São Paulo, que aconteceu em Osasco e Barueri em 13 de agosto de 2015. Recém completo um ano da morte de seu filho, Zilda, que trabalha como doméstica e tem 63 anos, busca por justiça.
Rosana – mãe de um integrante do movimento secundarista de São Paulo que foi detido recentemente pelo DEIC antes de uma manifestação Fora Temer, junto com outros 25 jovens. “Prisão para averiguação”. Para o ouvidor, não houve prova de crime. Homem apontado como infiltrado no movimento e responsável pela emboscada que culminou na detenção dos jovens é capitão do Exército.
Teresa – também mãe de um integrante do movimento secundarista de São Paulo, Teresa foi à Corte de Direitos Humanos da OEA denunciar a perseguição policial da qual seu filho tem sido vítima.
Débora Silva – fundadora do Movimento Mães de Maio, que reúne familiares das vítimas da violência do Estado. Mãe de Edson Rogério Silva dos Santos, assassinado pela Polícia Militar em maio de 2006, quando 562 pessoas foram executadas em 11 dias.
Vera Lúcia dos Santos – também fundadora do Movimento Mães de Maio, mãe de Ana Paula, morta durante os Crimes de Maio quando estava grávida de 9 meses, junto com seu esposo.
Simonekelly Silva – aos 37 anos, Tia Simone (como é conhecida) é egressa do sistema penitenciário de São Paulo e está hoje em situação de rua, lutando por moradia. Compõe o Coletivo Autônomo dos Trabalhadores Sociais e participa da ocupação República São Martinho, que fica embaixo do viaduto Guadalajara, no Belém.
Andreia MF – rapper e fundadora do Movimento Mães do Cárcere, já passou pela Fundação Casa e pelo sistema penitenciário. Moradora da periferia de Praia Grande, é ativista junto a presxs e familiares de presxs, na luta por tratamento digno à população carcerária.
Um grupo de mulheres do Rio de Janeiro, da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, grande parte que teve o filho assassinado por agentes das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), ainda está a confirmar a presença na coletiva.
Lançamento do livro das Mães de Maio
O livro “Mães em Luta – 10 anos dos Crimes de Maio de 2006”, produzido pelo Movimento Mães de Maio e Ponte Jornalismo, com organização do jornalista André Caramante, recém-saído do forno, terá seu pré-lançamento durante a coletiva.
As atividades estão sendo organizadas pelo Movimento Mães de Maio, Movimento Passe Livre (MPL), Coletivo DAR, Associação de Amigos e Familiares de Presxs (Amparar), Coletivo Herzer, Coletivo Autônomo de Trabalhadores Sociais (Catso), Pastoral Carcerária, Fanfarra do MAL, Bloco Feminista da Marcha da Maconha SP e Centro de Mídia Independente (CMI).
Sob o título “Tentam nos enterrar, mas somos semente – Contra a grade e a bala, a resistência ao Estado não cala”, as atividades organizadas por essa articulação de movimentos trazem a memória do Massacre do Carandiru para debater os atuais índices de genocídio e encarceramento praticados pelo Estado.
O Brasil hoje tem a quarta maior população carcerária do mundo, com mais de 600 mil pessoas atrás das grades. Entre essas, 41% sequer foram condenadas pelo sistema de justiça brasileiro. Além disso, de acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) só no Estado de São Paulo em 2014 foram contabilizadas 482 mortes dentro do sistema carcerário. Em 2015, de janeiro a agosto, foram 239.
“De 1992 para cá, as políticas penitenciárias foram no sentido de superlotar ainda mais as cadeias, de tentar esconder as violências cotidianas que ocorrem no sistema prisional, de caminhar no sentido de uma privatização dos presídios. O governo tem uma política bem clara no que diz respeito à população presa: um aumento de 380% no país, desde que ocorreu o Massacre”, afirmam os coletivos em nota.

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