Depois da Copa

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Padre_BoscoEm meio a muitas expectativas, o Brasil perdeu no jogo com a Alemanha. As reações naturais: revolta, insatisfações, frustrações, choro, xingamento etc. Tudo dentro daquilo que se poderia esperar do povo brasileiro. Nada entendo de jogo, mas o time brasileiro não se mexeu dentro do campo e, por isso, perdeu para a Alemanha.
Em jogo é natural tanto ganhar quanto perder. Ninguém pode ter certezas de uma coisa ou outra. Os resultados dependem do jogo que é feito.
Se o Brasil fosse vitorioso nessa Copa, o que ganharia o povo brasileiro? Essa pergunta tem me acompanhado.
Ganhando ou perdendo o jogo, os jogadores continuam com seus salários inalterados, inclusive divulgados recentemente nas redes sociais, por sinal, altíssimos, os melhores e mais altos salários que um brasileiro pode ter.
Ganhando ou perdendo, a vida dos brasileiros e das brasileiras continua a mesma. A luta por saúde, por moradia, por salário, por emprego… Grande parte da população do nosso país vive na penúria, mendigando aquilo que é direito de toda pessoa humana, mas que esse direito está facilitado apenas para as camadas mais ricas.
Ninguém quer perder nada, nunca. A tendência do ser humano e o modelo de sociedade que temos nos incentivam sempre a ganhar. Perder traz frustrações e elas, de forma positiva, poderão nos ajudam a pensar.
Perder talvez leve o governo federal a pensar que além das arenas construídas, para um momento muito passageiro, seja necessário fazer outras construções: escolas e hospitais. E, mais do que construir é fazer com que haja toda uma estrutura necessária para o seu devido funcionamento.
Sabemos que saúde, educação, trabalho e emprego são as maiores necessidades para uma nação que deseja se desenvolver. Como sabemos, estamos ainda extremamente carentes diante dessas necessidades básicas para as nossas famílias e nossos adolescentes e jovens.
Existem problemas que o nosso país não tem tido como prioridade para enfrentá-los, a exemplo da questão da droga, em relação ao tráfico, mas, sobretudo, em relação ao dependente químico. Não existe nenhuma iniciativa para o tratamento das pessoas dependentes, a não ser trancá-las nas unidades prisionais para que lá continuem alimentando o próprio vício, uma vez que as unidades prisionais estão sempre associadas com o uso das drogas.
O nosso país já é campeão na insegurança pública que tem gerado altos índices de violência, como também tem sido campeão no grande número de pessoas presas e, ainda, assumindo que prende muito e prende de forma desumana.
Temos crescido, é verdade, mas não podemos pensar que estamos no país das maravilhas para todo o povo brasileiro. A desigualdade social permanece e tem sido uma chaga aberta que gera muitos e graves problemas entre nós.
Perder no futebol certamente ajudará alguém a pensar que algo deve mudar não só na seleção, mas no compromisso que todos devemos ter com toda a população. Não podemos nos unir apenas em torno da seleção, mas, sim, em torno dos graves problemas que temos na nossa nação.
Padre Bosco Nascimento
Coordenador da Pastoral Carcerária no Estado da Paraíba
Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos
E-mail: pebosco@yahoo.com.br

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