Irmã Petra: Papa Francisco escolhe no Lava-pés os excluídos dos excluídos

 Em Igreja em Saída

Na Quinta-feira Santa, 2 de abril, o Papa Francisco vai ao complexo penitenciário de Rebibbia, na periferia de Roma, para presidir a Missa da Ceia do Senhor, com o rito do Lava-pés, que abre o Tríduo Pascal.
Na Igreja do Pai-Nosso, dentro do complexo penitenciário, o Pontífice se encontrará também com 150 mulheres detentas, das quais 15 mães com seus filhos.
“O testemunho do Papa Francisco é mais uma vez excepcional, porque ele escolhe no Lava-pés os excluídos dos excluídos, e mais ainda porque escolhe as mulheres, as mães com seus filhos que estão encarceradas, pois como se sabe, as mulheres, ainda mais, sofrem nos cárceres. O Papa Francisco quebra os paradigmas ao sair e ir ao encontro dessas pessoas que sofrem tanto nesses porões da humanidade”, afirmou em entrevista à rádio Vaticano a Irmã Petra Silvia Pfaller, coordenadora nacional da Pastoral Carcerária para a Questão da Mulher Presa.
Essa não é a primeira vez que o Pontífice preside a Missa da Ceia do Senhor no cárcere. Em 2013, pouco tempo depois de ser eleito, a prisão para menores de Casal del Marmo recebeu Francisco. No ano passado, foi a vez do Centro Santa Maria da Providência, que acolhe enfermos. Desta vez, o Papa lavará os pés de 12 detentos, seis mulheres e seis homens, dos quais um é brasileiro.
O gesto de Francisco também leva a refletir sobre a situação das prisões em todo mundo e de modo especial ao encarceramento das mulheres. No Brasil, segundo Irmã Petra, 35 mil mulheres estão presas e destas, 10% estão com seus bebês nos cárceres.
“Infelizmente, não existem estabelecimentos prisionais adequados. A grande maioria fica em presídios masculinos, presídios velhos adaptados para as mulheres, em celas precárias, sem berçário, expostas a toda a violência dos cárceres”, avalia Irmã Petra. “Outra problemática é que os pais, homens, dessas crianças abandonam as mulheres, elas não têm muito apoio. Estão em abandono e com precariedade no atendimento à saúde, seja de pré-natal ou pós-parto”, detalha.
Na avaliação da Irmã, o Poder Judiciário pode ser mais sensível à situação dessas mulheres. “As leis brasileiras atendem à mulher grávida, prevendo a prisão domiciliar, por exemplo, mas infelizmente, o poder judiciário e o Ministério Público, muitas vezes, não reconhecem esse direito e acham que uma mulher grávida é muito perigosa para a sociedade”.
Por fim, Irmã Petra acredita que na Semana Santa e na Páscoa é oportuno refletir sobre o perdão a quem está preso. “Nós acreditamos em um Deus de amor, em um Deus pai que perdoa. Imaginando a cena de Jesus na cruz, sendo torturado, sendo morto, passando por um processo ilegal, o que ele falou na cruz? Ele falou ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que estão fazendo’. Essa cena me toca muito e acho que é uma grande responsabilidade nossa, de cristãos, de perdoar, de restaurar a paz”.
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