Maus-tratos, descaso e revista vexatória são realidades nos presídios de São Paulo

 Em Combate e Prevenção à Tortura

24 PCr de Sao PauloNo sábado, 20 de junho, a Pastoral Carcerária da Arquidiocese de São Paulo se reuniu no Centro Pastoral São José do Belém, para discutir sua ação nos presídios da capital e os problemas relatados pelos agentes durante as visitas.
Num cenário de encarceramento em massa e de uma justiça deficiente, as denúncias e reclamações dos agentes se multiplicam. Segundo eles, a arbitrariedade e o descaso têm aumentado, dificultando o trabalho da Pastoral. Problemas como racionamento de água e a não entrega de itens de higiene pessoal aos presos são constantes.
Padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da PCr, fez um levantamento sobre a realidade dos presídios no país e contou sobre sua última viagem ao norte do Brasil, relatando os problemas encontrados.
Segundo pesquisa feita em parceria entre o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 37,2% dos presos provisórios no País não são condenados à prisão ao final do processo ou recebem penas menores do que a já cumprida. O Padre lembra da superlotação nas unidades. “Criar mais presídios no país? Bastaria julgar quem deveria ser julgado”, comentou.
A “revista vexatória” nos presídios foi outro tema abordado durante a reunião. A prática, de caráter humilhante e abusivo, obriga os visitantes a ficar nus, agachar diversas vezes, sendo inspecionados sem qualquer cuidado ou higiene antes da visita.
Para Érica Silva, coordenadora regional da PCr em Pinheiros, a reunião foi uma importante partilha das dificuldades enfrentadas pelos agentes. “Nada comparado às vultuosas denúncias de violação de direitos dos nossos irmãos presos, relatadas em todas as unidades, mas de esperança em esperança seguimos essa missão, que não é nossa, mas sim de Cristo”, lembra.
Padre Valdir questionou os agentes sobre a importância de continuar na Pastoral. Entre as respostas, estavam a transformação dos presos e presas com as visitas da PCr e a fé dos agentes, que insistem na luta por um mundo sem cárceres.
 
(Por Lauana Aparecida, da PCr da Arquidiocese de São Paulo)

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